Fachadas azulejadas


Variação de azulejo português do séc. XIX, encontrado na fachada de imóvel em Caxias. Imagem: Eziquio Barros Neto.


Um dos ícones da arquitetura luso-brasileira, o azulejo é até os dias atuais usados na construção civil, principalmente como peça decorativa devido a grande quantidade de opções de figuras e cores que podem ser usadas. O azulejo é um elemento arquitetônico cerâmico geralmente de forma quadrada, com uma das faces vidradas, garantindo sua impermeabilidade. Devido essa facilidade contra umidade e de fácil limpeza, era usado apenas nos ambientes internos dos imóveis, como cozinhas, corredores e varandas. De origem árabe, chegou a Europa durante a ocupação da Península Ibérica pelos muçulmanos (séc. VIII) e em Portugal (séc. XV), começou a ser empregado como peça decorativa de jardins, tornando-se então peças integradas a arquitetura.

Não há consenso entre historiadores se a técnica de revestir fachadas com azulejos surgiu em Portugal ou no Brasil. Os portugueses aqui residentes passaram a aplicar a peça cerâmica na área externa pois seria uma solução as paredes caiadas que sofriam com as fortes chuvas, além de garantir maior conforto térmico no interior durante o forte verão. O certo é que após o terremoto que devastou Lisboa (1755) e a necessidade de se reconstruir a cidade rapidamente, o azulejo passou a ser adotado nas fachadas dos imóveis. Daí, surgiu o interesse de decorar as casas com esse tipo de revestimento. De simples cores brancas, passaram a ser adotados em tons coloridos, formas geométricas e florais.

Embora ligada a arquitetura colonial, diversos estilos arquitetônicos fizeram uso do azulejo em fachadas, como o  ecletismo com o neocolonial. O Modernismo, com a ideia da formação da identidade nacional, baseada principalmente na arquitetura minera, fez uso do azulejo em suas fachadas, principalmente como painéis decorativos. No Brasil, na cidade de São Luís é onde se encontra a maior quantidade de casas revestidas com azulejo na América Latina, e tem o título de ‘Cidade dos Azulejos’. 

Em nossa Caxias, assim como a capital, herdamos essa tradição portuguesa de decorar as fachadas dos imóveis com essa peça trazida da Europa. Um dos exemplares mais bem conservados está situado na Praça Rui Barbosa. É o imóvel de Morada Inteira que pertenceu ao português Antônio Ferreira de Araújo, construído em 1848, revestido em azulejo português entre 1871-74. A casa passou por diversos proprietário, até recentemente ficando a frente do imóvel a Dona Dasinha. Atualmente funciona um pensionado para estudantes universitários. A Praça Senador Cândido Mendes (Matriz), possui alguns exemplares de fachadas azulejadas, porém, sofreram com intervenções indevidas de remoção de janelas para abertura de portas comerciais. Como o imóvel residencial de Morada Inteira que foi descaracterizado para abrigar ponto comercial. Alguns exemplares que restaram a destruição do patrimônio arquitetônico estão espalhados pela cidade, inclusive no Cemitério dos Remédios e no bairro Ponte. 

 

Imóvel que pertenceu ao português Antônio Ferreira de Araújo, revestido em azulejo na década de 1870. Fonte: Eziquio Barros Neto.

Imovel originalmente em tipologia Morada Inteira, foi descaracterizado com remoção das quatro janelas para abertura de quatro portas. Fonte: Eziquio Barros Neto.

 

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