Fim de Dezembro


Fim de Dezembro é o nome da crônica do ilustre Luís Coelho Sales, em sua coluna no jornal Nossa Terra, Edição nº60, de 23 de dezembro de 1961. Funcionário do Correios e Telégrafos, Coelho Sales também era jornalista e exílio poeta e escritor, sendo Patrono da Cadeira nº 23 da Academia Caxiense de Letras. Em seu texto conta um pouco do fim de ano daquela Caxias de tempos antigos se preparando para a chegada do ano de 1962.

É sempre bom e importante lermos os escritos do passado de nossa cidade, valorizando a escrita de nossos antepassados e entendendo nossa sociedade ao longo do tempo.

 

Fim de dezembro

 

“Fim de dezembro! Nesta quadra bendita, os dias nascem numa gargalhada de luz e morrem meigamente sorrindo.

As ruas da cidade com seus mais corriqueiros aspectos, apresentam-se numa projeção gloriosa de festa pomposa que as árvores de Natal ornamentam.

No centro comercial mais próspero, o povo caminhava num vai e vem interminável – os que andam a trabalhar, os que correm no alcance da riqueza, os que fazem compras e os que simplesmente passeiam sem necessidade ou vontade de fazer outra coisa. Todos levam em si uma irradiante alegria.

Dir-se-ia que não há em toda essa gente, um só vencido, um só desenganado, um só descontente. Em todas as fisionomias o sol deste fim de dezembro insinua a mesma alacridade.

Até parece que o caxiense é de uma raça privilegiada que das lutas só conhece a sensação esplêndida de vencer e do desespero a esperança, do desgosto a alegria.

Fim de dezembro! Avizinha-se o Ano Novo com todo o seu mundo de acontecimentos inevitáveis, com seu préstito de surpresas agradáveis e desagradáveis, porém, a sua chegada provoca sempre um frêmito de expectativas e num sonho todo feito de esperanças, cada um espera sejam realizadas as suas mais arrebatadas aspirações.

Fim de dezembro! É mais um ano que escorreu, impassivelmente no estrangulamento inexorável da ampulheta vida com suas cenas e fatos”.

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